segunda-feira, 7 de agosto de 2000

Pamplona

Touros de San Fermin


A multidão se reune em frente à prefeitura e é tanta gente que se forma um "tapete" vermelho e branco. Tem estouro de champanhe e muita serpentina, gritaria, e a bebida corre solta.
2000....  Pamplona. Fui para lá em plena Festa de San Fermin.







É uma cidade Vasca que está no interior do território e que se tornou famosa por suas festas, onde sua população corre na frente dos touros com um jornal enrolado na mão. Todos se vestem de branco, faixa vermelha e calçados com as sapatilhas de lona.

O vinho corre pela cidade mais que os touros (o vinho é muito consumido nestas festas). Aliás, todo tipo de bebida e comida. A cidade fica com cheiro de álcool, literalmente, e pior, “vômito”.

Os sete dias de festival inclui carnaval, touradas e, claro, a famosa Corrida de Touros.
Eu estava de vermelho e branco, participei da festa, bebi uns goles de cerveja, mas nada de ficar na frente de touros.

Durante o período da manhã, há um desfile de bonecos gigantes. Junto com eles, tem uns homens vestidos com máscaras e com um “porrete”de jornal na mão. Ficam assustando as pessoas e principalmente as crianças. As pessoas distraídas levam bordoada de jornal e eles correm atrás delas. É uma confusão e muita risada.

O ponto auge da festa é o “encierro”, que é uma corrida onde os jovens se vestem de vermelho e branco para chamar a atenção dos touros que são soltos nas ruas e no meio da multidão saem em disparada percorrendo um circuito de 850 metros. 



Conseqüentemente quando encontram pessoas a sua frente os ferem, há ferimentos que podem levar o indivíduo à morte. A corrida só termina quando os animais chegam à Praça de Pamplona, onde mais tarde os touros irão ser lidados por toureiros de renome, para isso os animais são feridos, por causa da dor eles ficam agressivos prontos para a tourada.





Conseguir um lugar pra ficar em cima da hora é missão impossível. Mas ninguém está nem aí. Eu consegui um lugar bom em cima de uma murada. As casas residenciais são fechadas e lacradas com madeira.
Ao escutar as doze badaladas, o prefeito sai na varanda do edifício da prefeitura e grita: “Pamploneses, Viva San Fermín, Gora San Fermin”. E estoura um rojão. É o ritual do “txupinazo”.

Neste momento, milhares de garrafas de vinho, cidra e cava estouram e a massa vai ao delírio. E está dada a largada para uma bagunça infernal que durará sete dias, 24 horas.

Depois do rojão, a multidão de gente que se aglomera na Plaza del Ayuntamiento vai se espalhando, invadindo os bares da cidade, as ruas, as praças.



As peñas, que são espécies de agremiações com uma função exclusivamente voltada para a farra, desfilam com suas bandeiras, acompanhadas por bandinhas (uma espécie de bloco de carnaval).
Esse intervalinho de tempo é uma espécie de concentração para a tourada, que só aparece às seis e meia da tarde, quando todo mundo já está bebum, mais pra lá do que pra cá.

No final do “espetáculo” todo mundo já está coberto de arroz, farinha, frango, vinho e o todas as melecas que possam aparecer pela frente.

O percurso por onde passam os touros é isolado por uma cerca alta de madeira. E os que estão muito bêbados são deixados de fora por não conseguirem mais parar em pé.







Pior, a corrida é tão rápida que se você não prestar atenção, pode perder os touros. Só vai ouvir um estrondo, um terremoto.
Consegui bater poucas fotos, pois estava pendurada no muro, apoiada em um cano, com os pés num quadradinho minúsculo.
Alías, o melhor lugar é em cima de alguma coisa, muro, prédio, para evitar que algum touro esbarre em você. Dá um frio na barriga.

A coisa mais normal do mundo, para quem vai aos San Fermines, é virar mendigo por alguns dias, e vagar pela cidade dormindo onde couber mais um corpo esticado no chão. Banho? Pra que? Depois de três minutos você estará coberto de vinho, farinha e outras melecas. Ou seja, é preciso ter cojones e disposição para enfrentar essa balada.


À noite, as pessoas se amontoam nas praças e ruas para dormir no chão. Várias delas levam barraca de camping e ficam onde tem um espacinho (coisa difícil de achar!).
Eu fui embora ao anoitecer. Dormir no chão, com vômito, tô fora.

Peguei o ônibus e voltei à Bilbao, feliz por ter conhecido um pouco da cultura popular do povo espanhol (observação: não sou a favor de matança de touros....!).




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