domingo, 4 de junho de 2000

Bilbao

País Basco

Estive em Bilbao em meados de junho de 2000. Programei passar uns 10 dias e conhecer o máximo dessa cidade basca.

Capital da província de Vizcaya, às margens do rio Nervión, que se comunica com o mar Cantábrico, situado a 11 km de Bilbao. É a principal cidade de Euskadi. Em Bilbao se concentra aproximadamente a metade da população total do País Vasco e possui o maior porto comercial da Espanha.
Tornou-se internacionalmente conhecida ao abrigar a sede européia do Museu Guggenheim, em 1997.

A lingua falada é o Euskera. Incomprensível. Todas as placas e sinalizações da cidade, estão em duas linguas, o espanhol (castellano) e euskera (uma língua que tem uma certa semelhança com o alemão). Entender as placas é uma tarefa quase impossível para quem não tem familiaridade com o idioma, mas não se preocupe, elas aparecem também em espanhol. Ainda bem!!!

Sempre me falaram sobre o clima de Bilbao. Também costumam chamá-la de "feia" e "cinza" são frequentemente usados para descrever Bilbao. O termo cinza é bastante verdadeiro.
O clima de Bilbao é oceânico, bastante úmido, com invernos e verões suaves. Conclusão: vive chovendo, nublado e está sempre úmido. Mas creio que eu tive sorte. Peguei dias lindos e ensolarados. Choveu pouco.

Quando cheguei à cidade me impressionei com sua cor. Todas as casas são ocres, cor de terra, tijolo queimado.
Mas, por trás dessa máscara existem muitos segredos e atrações capazes de enfeitiçar os turistas mais exigentes. Seu cartão-postal, o Museu Guggenheim, que custou US$ 100 milhões, é somente o ponto de partida de um tour por Bilbao e também uma pequena síntese do que há por lá. Bilbao é moderna. Um lugar para ver obras feitas pelo homem. E também tem a parte vieja, linda, misteriosa e simples.

Fiquei num bairro afastado do centro da cidade, um bairro de subúrbio. Tem que pegar o metro através de várias estações até chegar em Algorta (Getxo).

Algorta é um bairro da cidade de Getxo Vizcaya, localizado no País Basco, no norte da Espanha. Ele está localizado na margem direita do estuário de Bilbao, na foz do Ibaizabal-Nervión. É parte do condado de Greater Bilbau e área metropolitana de Bilbao. É marcada pela grande presença de palácios e casas construídas pela burguesia durante a industrialização.

Uma de suas atrações, turismo e lazer são as praias: (Las Arenas, Ereaga, Arrigunaga, Azkorri-Gorrondatxe and The Wild-Barinatxe).
Conheci Las Arenas e adorei. É a área do porto municipal, onde há abundância de hospitalidade local (principalmente bares e restaurantes de fast food). A marina é operada pelo Clube Marítimo, localizado no bairro de Las Arenas. Há também a área de Puerto Viejo de Algorta, onde parece que estamos a viver no passado, e onde podemos apreciar os pequenos bares e restaurantes.


Perto dalli, tem a Ponte de Vizcaya (Ponte Pênsil), declarada Património da Humanidade pela Unesco. É uma estrutura da ponte da balsa carregando um barco de ferro pendurados em cabos de aço entre Portugalete e Las Arenas. Ele carrega os pedestres e os automóveis até 3500 kg. No topo da ponte é uma passagem pedonal, onde pode desfrutar das vistas panorâmicas. Apenas apreciei de longe.
Algorta, realiza anualmente o Festival Interncional de Blues, Jazz e Folk, Exposição de Fotografias, Mercado Medieval e Mercado de San Lorenzo (artesanato e comida típica do País Basco). Pena que não consegui ver nenhum deles. rsrsrsr
Para ir ao centro da cidade eu descia na estação Abando e de lá dá para circular à pé pela cidade toda, indo até a Cidade Vieja.

A parte velha de Bilbao (Casco Viejo) é o coração da cidade. Situada na margem direita do rio, entre a ponte de San Antón e a Igreja de San Nicolás, as suas ruas contam a história de Botxo, nome pelo qual os habitantes designam a cidade. As construções antigas estão ocupadas por restaurantes e lojas.
Junto à ponte de San Antón está o Mercado da Ribeira, um dos maiores da Europa, famoso pelos seus coloridos e luminosos vitrais.
Adorei caminhar por essa região. As ruas são aconchegantes e as pessoas simpáticas

Seguindo pela margem direita do rio encontra-se o Teatro Arriaga, um edifício neoclássico cuja fachada é inspirada na Ópera de Paris. Vale a pena visitá-lo, não só pelos seus espectáculos, mas também pela possibilidade de contemplar o próprio edifício. É lindo,


A partir daqui, inicia-se o Arenal, uma zona de passeio ladeado de árvores e que serve de cenário a vários festejos.
Ainda deste lado do rio, e um pouco mais à frente, encontra-se a Universidade de Desto, de onde poderá ter a melhor vista do Museu Guggenheim, do outro lado do rio.

O museu Guggenheim é a atração mais conhecida de Bilbao. Abriga obras de muitos dos artistas mais importantes do século 20. O prédio de formas fantásticas, obra do badalado arquiteto Frank Gehry, foi erguido como parte do plano de desenvolvimento da cidade, em 1997.

Ele é um dos cinco espalhados pelo mundo (os outros quatro ficam em Nova York, Las Vegas, Berlim e Veneza). O prédio hi-tec impressiona. Parece até que brota do chão e se ergue imponente, tentando se misturar ao resto da cidade.
A ETA está sempre presente: em autocolantes nas cabinas telefónicas, em cartazes, no medo dos habitantes, etc. Como Vitória, Bilbao é uma cidade de aspecto triste e escuro. Apesar das obras que vi, uma parte da cidade não perdia nada em ser reabilitada. Disseram-me que a cidade é gelada no Inverno e Quente no Verão. Em Junho, encontrei o tempo ameno. As placas de informação rodoviária estão quase sempre em Basco.
A coqueluche (arriscava dizer mascote) da cidade, de seu nome "Puppy" é uma escultura -um cão- em florida vegetação (autoria de Jeff Koons) que se assume como simpática sentinela do Guggenheim.

Conheci um cotidiano diurno sem destaque, onde, por exemplo, a oferta comercial/serviços não extravaza a bitola do padrão "El Corte Inglés"...desinteressante.

Outra cidade.... Guernica. Gostei de visitar Guernica (a vila bombardeada pelos Nazistas durante a Guerra Civil Espanhola, imortalizada no famoso quadro de Picasso), que é relativamente perto. As pessoas são bastante simpáticas, passando imediatamente a falar castelhano quando se apercebem que somos estrangeiros. Comida recomendável: peixe, muito abundante e bom.

Fiz um passeio pelas ruas pequenas e uma praça que encontrei perto do restaurante. Na verdade, não era uma praça, era um grande parque fechado onde fica a árvore de Guernica.
Sob uma árvore do século 14, o Carvalho de Guernica, os monarcas espanhóis juravam lealdade aos Foros Bascos, um conjunto de leis que regulamentava os costumes e os direitos desse povo. Isso mantinha vivo o respeito da Espanha pelos bascos. A árvore durou 400 anos. No século 19, após sua morte, outro carvalho foi plantado no local.

Delicioso foi deitar em um banco da praça e ficar observando o ceú limpo e as nuvens formando imagens pitorescas (coisas de infância). Fiquei bastante tempo curtindo a árvore de Guernica.
PINCHOS

Todos conhecem a riqueza da gastronomia vasca. Os pinchos chamam a atenção. Especie de tapas con todo tipo de ingredientes, tanto frios como quentes, há uma grande variedade.

Os pinchos são encontrados em muitos bares ou tabernas que percorrem a cidade, bairros antigos ou novos.

Na maioria dos bares se come de pé. Os pinchos se encontram na mesa e você mesma se serve ou pede-se ao garçon. Mas não se sabe (faz parte do misterio da gastronomía dos pinchos vascos), de que maneira os garçons contam todos os pinchos que você come, já que tudo é muito rápido e as tabernas estão sempre cheias de gente. E eles sempre sabem quantos pinchos você consumiu.
Trata-se de um ritual. Locais e turistas salivantes acotovelam-se no balcão munidos de pratinhos e servem-se das iguarias que ficam expostas. Tudo é fresquinho e recém-feito. Alguns pintxos quentes são apresentados crus e devem ir ao fogo quando solicitado pelo cliente.

O jeitão dos lugares é invariavelmente rústico e o clima é de botequim. Por motivos insondáveis, a tradição é jogar palitinhos e papéis no chão mesmo. Às vezes, tem uma abertura abaixo do balcão para jogar o guardanapo, mas é pouco usado. Os que acham que comer em pé e ligeiramente espremido pode ser sinônimo de tortura se esquecerão de qualquer desconforto ao provarem as iguarias.

Os pinchos se comem regados com txacolí, sidra ou um bom vinho.Os espanhóis comem pinchos no almoço antes de voltar ao trabalho. São deliciosos.

Visitei o Museo de Bellas Artes (trabalhos de Velázquez, Goya, Zurbaran e El Greco, quadros de Gauguin, Picasso e Sorolla). Fui também ao Museo Vasco, Catedral de Santiago e a Basília de Begona.


Caminhei pela Puente Colgante. A ponte foi concluída em 1893 e é um dos marcos de Bilbao. Nela há uma cabine que suspende carros e passageiros. Na época, era supermoderna.

E.....Não pensem que fiquei só na cidade de Bilbao.